Se havia uma coisa vulnerável até não muito tempo atrás era a chave de carro. Até meados dos anos 1990, boa parte dos modelos à venda no Brasil ainda traziam chaves convencionais. Como nas chaves de casa, destrancavam a fechadura das portas e davam partida no motor somente pelo segredo mecânico. Furtar um carro não era das tarefas mais difíceis. Bastava uma chave micha para o ladrão abrir e sumir com o carro
Com o desenvolvimento da tecnologia, a parte eletrônica dos automóveis passou por uma revolução. Para injetar o combustível na câmara de admissão, saiu o carburador e chegou a injeção. E, para comandar os componentes da parte de alimentação e outras funções, foi necessária a incorporação de uma central de gerenciamento eletrônico. Mas e a chave codificada?
Abrir é uma coisa, dar partida é outra
Foi justamente esta central que fez aumentar a segurança dos veículos. Através dela, foi possível utilizar uma chave codificada, o que passou a dificultar bastante a vida dos bandidos. Eles até conseguiam abrir a fechadura e entrar no carro, porém dar partida ficou quase impossível.
Oi, chave codificada! Você vem sempre aqui?
A chave codificada funciona assim: dentro da pequena capa plástica existe um transponder, uma espécie de chip com um código que “conversa” com a central eletrônica do carro através de ondas de rádio. Quando a central identifica este código, libera a abertura das portas e a partida do motor.
Nestes 30 anos, houve uma boa evolução na chave codificada. Muitas nem trazem mais a lâmina metálica e podem ficar o tempo todo dentro do bolso. São as chaves presenciais. Basta se aproximar do veículo que a central já faz a identificação e libera o acesso. Então é só apertar um botão na maçaneta e outro no painel para dar partida no motor e sair com o carro.
Carro de controle remoto
Em modelos de categorias superiores, a chave de carro se transformou em um aparelho com tela e diversas funcionalidades. É possível ativar e desativar diversas funções, como computador de bordo, ajustes do ar-condicionado, luz, bancos, conexões à internet e até o sistema de massagens. E não é só: o carro pode entrar e sair da vaga e vir até o dono sem ninguém ao volante, como nos carrinhos de controle remoto.
Como todo equipamento eletrônico, a chave codificada está sujeita a falhas que podem impedir que o veículo funcione e seja utilizado. Também há algumas vulnerabilidades identificadas pela bandidagem, que já consegue acessar o código e abrir e dar partida através de outro dispositivo.
Confira os problemas mais comuns da chave codificada
Chave não abre a porta
Na maioria das vezes, o problema é causado pela bateria da própria chave, que descarrega ao longo do tempo. Nos carros mais recentes, a central eletrônica percebe a pouca carga da bateria e dá uma mensagem no painel avisando.
Outro motivo que impede o reconhecimento da chave é o chip danificado depois de quedas ou de contato com a água. Nestes casos, é necessário substituir o chip e fazer uma nova codificação, serviço disponível na rede autorizada do fabricante do veículo e em chaveiros especializados. O mesmo vale quando a chave é extraviada.
Cuidado com equipamentos eletrônicos não originais
Nos carros atuais, a central eletrônica comanda praticamente todas as funções. Da abertura das portas ao sistema de alimentação, passando por freios ABS, central multimídia, controles de tração e estabilidade, limpador de para-brisa, luzes, acelerador e até o som que sai pelo escapamento.
Ao instalar um equipamento não pensado para aquela arquitetura eletrônica, como alarmes, lâmpadas de farol de LED, centrais multimídia e sistemas de áudio muito potentes, alguma parte pode apresentar defeito, inclusive a chave e a partida. Em casos mais graves, toda a central acaba comprometida, prejuízo financeiro que pode passar de cinco dígitos tranquilamente.
Atenção quando estacionar e travar o carro
Como dito acima, a chave de carro codificada tem algumas vulnerabilidades já encontradas pelas quadrilhas especializadas. Todas elas envolvem as ondas de rádio trocadas entre a chave e a central eletrônica de controle do veículo.
A mais comum é um aparelho que bloqueia essas ondas. Quando o dono do carro aperta o botão de travamento, um aparelho em posse dos bandidos não deixa a informação chegar à central e a porta fica aberta. Aí é só o ladrão entrar e levar objetos ou o carro todo. Por isso, recomenda-se travar a porta e puxar a maçaneta em seguida para confirmar o fechamento.
Outra estratégia usada pelos bandidos é a de abrir o carro (pelo bloqueio das ondas da chave citado acima ou arrombando a porta ou janela) e conectar uma central própria com chave no lugar da original. Daí é só dar partida pelo botão e tchau!
Invadindo a chave
Por fim, existe um método que intercepta e decodifica o sinal que a chave emite e é captado pela central do carro. Através de aplicativos de celulares, o ladrão se aproxima da vítima e consegue acessar o código da chave, que geralmente está no bolso ou na bolsa do proprietário.
Assim que o código é obtido, ele é repassado ao cúmplice, que está do lado do carro e, com o próprio celular, consegue abrir a porta e dar partida. Para evitar este tipo de furto, já estão disponíveis capinhas para chaves forradas de material metalizado que impedem a comunicação com a central. Desta maneira, o sinal da chave é bloqueado e o bandido não pode interceptá-lo.
Nenhuma tecnologia é infalível e, assim que uma novidade é lançada, já há um contraventor estudando uma maneira de obter vantagem ilícita por meio das falhas apresentadas. Para isso existe o seguro, que desde 1293, ano de criação do primeiro Seguro Contra Riscos Marítimos, vem deixando a vida das pessoas mais tranquila, livre de preocupações.
Fonte: https://blog.bidu.com.br/